O Natal de Outrora e a Reflexão Sobre os Tempos Modernos
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Há um tempo, não tão distante, o Natal tinha um palato diferente. Não apenas um sabor que vinha da mesa posta, mas um gosto de afeto, de simplicidade e de encontros singulares. Era uma época em que a chegada do mês de dezembro vinha acompanhada do calor dos cartões natalinos. Eles atravessavam longas distâncias, carregados de mensagens escritas à mão, em caligrafias cuidadosas, que revelavam a personalidade de quem os enviava. Cada cartão era um presente, uma expressão palpável de amor e consideração. Hoje, essas mensagens foram substituídas por figurinhas digitalizadas, compartilhadas em segundos por aplicativos de mensagens. A rapidez com que circulam contrasta com a ausência de profundidade no que dizem.
Lembro-me, também, do sabor doce e simples da sodinha ou da baré tutti-frutti em garrafa, aquele refrigerante especial que fazia brilhar os olhos das crianças. Era algo que aparecia na mesa apenas em ocasiões festivas, um luxo reservado para momentos de celebração. Hoje, o refrigerante perdeu essa aura especial. Tornou-se a "água nossa de cada dia", banalizado, sem o mesmo encanto de outrora.
A decoração natalina também carrega suas mudanças. Antes, as árvores de Natal eram símbolos de criatividade e união familiar. Cada enfeite tinha uma história, cada luz piscava com a emoção de quem a colocava. Agora, parece que o espírito natalino deu lugar à ostentação. Árvores que antes eram adornadas com simplicidade e amor tornaram-se monumentos que medem o poder aquisitivo de cada família. Os piscas-piscas coloridos e aconchegantes estão cedendo espaço a luzes de LED modernas e frias, que brilham intensamente, mas não aquecem o coração.
E o que dizer da música e da noite de paz? Antes, o som que ecoava nas ruas e lares era o das canções natalinas, aquelas que falavam de esperança, de fé, de união. Hoje, fogos de artifício e música eletrônica invadem a noite, muitas vezes sufocando o verdadeiro propósito da celebração: a reflexão sobre o amor e a humildade.
Acima de tudo, devemos lembrar que o Natal representa o nascimento de Cristo, aquele que pregou a paz, o amor ao próximo e a partilha. É uma data que deveria inspirar respeito e gratidão, pois celebra a essência de uma vida dedicada ao bem. Jesus não se importava com riquezas ou ostentações. Ele amava as pessoas em sua simplicidade, compartilhava o pão e espalhava a palavra da compaixão.
Nesse contexto, devemos repensar o que vestimos, no sentido mais amplo da palavra. Não precisamos de roupas vermelhas, douradas ou de qualquer cor específica para celebrar o Natal. O importante é vestir nossa alma de branco, com a pureza da paz, da serenidade e do amor. O externo é supérfluo; o que importa é o que carregamos dentro de nós.
Estamos nos afastando da essência do nascimento de Cristo, daquilo que o torna especial. Perdemos, talvez, a capacidade de parar e sentir. De valorizar o simples. De viver o Natal como ele deve ser: uma noite de amor, de paz, de esperança.
Que essa reflexão sirva para reacender em cada um de nós o desejo de resgatar a celebração de outrora. Não se trata de rejeitar o novo, mas de não permitir que a modernidade apague a essência. Que voltemos a escrever mensagens sinceras, a saborear o especial, a decorar nossas casas com amor e a celebrar com menos consumo e mais compaixão. Afinal, o que faz o Natal não é o brilho das luzes, nem as vestes que escolhemos, mas o calor que vem do coração e a paz que podemos oferecer ao mundo.
#FelizNatal
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